
O silêncio.
- 27 de jun.
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A incrível — e cruel — arte de ser invisível.
A dor silenciosa de quem sente demais e é visto de menos.
Até onde o “se importar” virou algo subestimado?
Ou será que, no fundo, simplesmente deixamos de nos importar com a dor do outro?
Talvez só nos interesse o afago do nosso próprio sentimento.
Talvez a nova febre da sociedade seja essa:
o sentimento alheio precisa ser “minimalista” — quase nulo — para caber no nosso padrão.
Ou melhor, nem há padrão: só sufoco, cansaço, luta interna.
Ser… mostrar… querer… tudo virou um esforço solitário.
As pessoas hoje valem o quanto agregam.
Vivem em modo automático, seguem opiniões vazias, repetem discursos sem fundamento.
Fascistas de rede social, reféns de “palestrinhas” e frases prontas.
Argumentam sem base, pensam sem esforço, julgam sem empatia.
A cada passo, a gente caminha pra um lugar sombrio.
Triste. Vazio. Silencioso.
Por dentro, mil dúvidas.
Mil verdades não ditas.
Não podemos expor o que realmente somos ou sonhamos.
Porque o mundo ainda exige silêncio, teatro, posturas.
Ser alguém que não te representa.
Viver um papel que não te serve.
Tentar caber num calor que nunca te aqueceu.
E então você se repete — em adjetivos, em revoltas, em gritos.
Porque a verdade é essa:
Nada é como imaginamos.
O que vende é o que se inveja, o que se copia —
não o que se sente de verdade.
E a luta calada…
ah, essa é a mais difícil de todas.
— Michelle Gonçalves



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